Convite a todos para participar deste encontro:
Data: Neste Sábado, dia 26/11/2016, a partir 17:00 horas e até a meia noite.
Local: Salão de Festas do Condomínio Vila Lobos, na Rodovia Admar Gonzaga 1447 - Itacorubi ( Entre a capela São Bento/EPAGRIi e UDESC).
Confirmação até 23 (Quarta-feira);
Cardápio: Galinhada. Repartiremos os custos, que esperamos serem pequenos. Cerveja, refrigerante e suco: teremos no local a preço de custo. Quem quiser outra bebida pode trazer.
Fazem o convite e organizam este evento: Beta, Gui, Marise da Silveira, Nelson Fidélis, Paulo Ruver e Vilson Araújo e você.
Ajude e convocar e nos informe mandando mensagem para ruverpg@gmail.com
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
quinta-feira, 2 de junho de 2016
Fica a saudade
PADRE JOSÉ EDGARD DE OLIVEIRA
1929-2016
José Edgard de Oliveira nasceu no bairro Cardoso, em São João Batista,
pequena cidade catarinense no vale do rio Tijucas, em 31 de dezembro de
1929. Seus pais eram católicos fervorosos, Francisco Joaquim Leonardo de
Oliveira e Nila Soares Pereira de Oliveira. O pai dirigia o culto
dominical na capela do bairro, puxando o terço do rosário. Isso é o
bastante para se dizer que os filhos beberam na mesma fonte religiosa.
Em 1943, o jovem José Edgard, depois
sempre conhecido por Edgard, manifestou o desejo de ir para o Seminário
para ser padre. Saiu de sua casa para o seminário de Pinheiral,
instituição dos padres jesuítas que atendiam à paróquia de Nova Trento.
Terminando o estudo preliminar, a família preferiu que fosse matriculado
no Seminário Nossa de Lourdes, em Azambuja, onde já se encontravam
colegas seus.
Pode-se dizer que a grande
característica que o marcou por toda a vida foi a alegria espontânea, a
peraltice, a capacidade de fazer amigos e “aprontar” surpresas que
animavam os colegas. Um artista nato. Era inteligente para os estudos,
especialmente para a língua portuguesa e a declamação.
Os primeiros anos em Azambuja
coincidiram com a Guerra mundial (1939-1945) e a prevenção contra o
comunismo ateu. Esse medo estava ligado à contínua oração contra o
perigo vermelho, que os seminaristas temiam estar planejando a invasão
do Seminário de Azambuja. Pe. Edgard gostava de lembrar a noite em que
uma coruja entrou com barulho no dormitório e algum seminarista gritou
“os comunistas!”. Foi o que bastou para se instalar um clima de pavor, a
maioria fugindo para o pátio e rezando. Comoveu a todos o Raul de Souza
(Pe.) ajoelhado e gritando: “Meu Deus, ofereço a minha vida pela
conversão da Rússia!”. Outros mais se ofereceram pela salvação das
almas, mas ficaram felizes ao descobrirem que tudo foi causado por uma
desgovernada coruja.
Concluídos o ginásio e o clássico, foi
enviado para os Seminários Maiores de São Leopoldo e Viamão, onde
estudou filosofia e teologia. Sua turma foi a última do Seminário São
Leopoldo, dos jesuítas, e a primeira do Seminário de Viamão.
Tudo pronto, em 7 de dezembro de 1958 foi ordenado sacerdote no Seminário de Azambuja por Dom Joaquim Domingues de Oliveira.
Passou o primeiro ano de ministério
sacerdotal, 1959, como vigário paroquial (coadjutor) de Nossa Senhora de
Fátima e Santa Teresinha no Estreito, Florianópolis e, devido à sua
capacidade de comunicação com os jovens, em 1959 Dom Joaquim nomeou-o
assistente eclesiástico da JEC – Juventude Estudantil Católica.
Continuou com o trabalho da Ação Católica até 1963. Sua alegria
contagiante, amor acolhedor de todos, galvanizavam os adolescentes.
Fundou e presidiu o Centro de Oratória do Estreito-COE.
Em 1960-1961 foi provisionado vigário paroquial da Catedral de Florianópolis, retornando ao Estreito nos anos de 1962-1963.
Compromisso com o social
Padre Edgard era um homem justo, um
sacerdote defendendo a justiça social e, acima de tudo, um padre a
procura de pobres, prostitutas, homens e mulheres da rua. Nele havia a
preocupação com aqueles que eram rejeitados pela sociedade, o povo da
sarjeta.
Quando terminava o dia no expediente
paroquial, ele saía à rua para abraçar, beijar, conversar com os
sofredores da vida. Encarnava como poucos, a palavra do papa Francisco:
tinha cheiro do povo. Em nenhum momento caía no moralismo, condenando a
sociedade católica conservadora e que não queria misturar-se com os
rejeitados.
Não atacava os ricos, a elite da
sociedade: amava a todos, sem distinção, de modo especial sendo
procurado pela juventude universitária e da classe média que lhe abriam o
coração. Era um “beijoqueiro” incorrigível: nem padres, nem bispos, nem
leigos conseguiam escapar de seus beijos efusivos, verdadeiros.
Os primórdios de seu ministério foram
marcados dois movimentos: a ação católica especializada, militante e a
reação anticomunista e da direita, que levou ao golpe militar de 31 de
março de 1964, que mergulhou todos os movimentos católicos e leigos na
bacia do comunismo e prendeu os principais líderes.
Acima de tudo isso, a renovação do
Concílio do Vaticano II (1962-1965), por ele abraçada com entusiasmo e
compromisso. Quando pode, deixou o uso da batina. Sem inibição andava
pela Praça XV (hoje largo São João Paulo II), pelas ruas centrais da
Capital, com o uniforme de escoteiro, boné e calça curta. Para muitos,
era um escândalo, para ele, pura diversão.
Num dia foi abordado pelo sisudo General
Paulo Vieira da Rosa, prefeito municipal de Florianópolis de 1964-1966.
O General pediu licença, e falou: – Padre Edgard, eu sou militar, sigo
as regras do quartel, uso o uniforme, e por que o senhor anda desse
jeito? Padre Edgard respondeu com bom humor: – General, é assim mesmo
como o senhor fala mas, eu sou padre, e ando como quero!
O clima político tornava-se oprimente
pela caça aos assim chamados comunistas que, na verdade, eram todos os
que criticavam a política autoritária e defendiam a justiça social.
Padre Edgard passou a receber críticas, também de colegas padres. As
queixas chegaram à residência do senhor Arcebispo e a autoridade
policial preveniu que Padre Edgard era seriamente suspeito de militância
comunista e que poderia ser preso a qualquer hora se a Igreja não
tomasse uma atitude. Com seu prestígio, Dom Joaquim apresentou a solução
que trouxe alívio às autoridades que não queriam prender um padre tão
irrequieto, mas tão amado: custódia numa casa paroquial, isto é, prisão
domiciliar sob as vistas de um pároco. Dom Joaquim escolheu a dedo os
dois padres de maior vigilância com relação ao comunismo: Monsenhor José
Locks, pároco de São João Batista e Cônego Rodolfo Machado, pároco de
Biguaçu. Cumprindo a promessa/condenação, em 1964 Pe. Edgard foi
coadjutor sob custódia em São João Batista, e em 1965, em
Biguaçu. Dom Joaquim não teria tempo de vigiar o cumprimento da sentença
e os dois padres sabiam estar lidando com um padre livre, bem humorado e
indomável.
Nos anos de 1966 e 1967, Pe. Edgard foi
provisionado vigário paroquial da Catedral e encarregado da Pastoral da
Juventude e do Movimento Escoteiro. O afeto e zelo pelo Escotismo nunca o
deixou: foram décadas e décadas de encontros locais, estaduais,
nacionais, formação, dedicação, acampamentos. Padre Edgard encontrou o
campo onde plantar o afeto nas novas gerações, preocupando-se com o
desenvolvimento integral dos jovens, complementando o esforço da
família, da escola e de outras instituições. Com seu espírito juvenil,
chamava a atenção ver um sexagenário de boné, calça curta, pernas finas
acompanhando as crianças e jovens, feliz como cada um deles.
Nos anos de 1967-1968 ocupou o cargo de
Assessoria e Animação na ACARPESC (Associação de Crédito e Assistência
Pesqueira). Criada em 1968, foi um diferencial importante para o
desenvolvimento da aqüicultura no Estado, atual líder da produção
aqüícola brasileira. A ACARPESC foi para o pequeno pescador o que a
ACARESC significou para os agricultores. Pe. Edgard não era nem de
ensinar a pescar nem pedir aos pescadores que fossem obedientes, mas
trabalhou para conscientizá-los de seus direitos, da obrigação do Estado
em assisti-los. Suas palavras incomodaram a classe dirigente, que mal
suportava pescadores artesanais querendo falar em pé de igualdade com as
pessoas importantes.
Em 1969, retornou à Catedral, como
vigário paroquial, Assessor da Pastoral da Juventude, do Movimento
Escoteiro e das Equipes de Nossa Senhora. Sentindo a necessidade de
suporte para analisar e trabalhar a realidade, em 1970 residiu no Rio de
Janeiro, onde cursou o IBRADES (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Econômico e Social), órgão dos padres jesuítas, fundado em 1968 com a
finalidade de trabalhar a realidade social e religiosa para capacitar
agentes de pastoral; prestou excelente trabalho de assessoria à
Conferência dos Bispos. Ali, Pe. Edgard teve oportunidade de aprender a
analisar a situação brasileira com instrumentais científicos oferecidos
pelas ciências sociais.
Infelizmente, a situação política
brasileira, em plena e dura vigência do AI-5, da patriotada do Brasil
Grande, do “ninguém segura esse país”, minou-lhe a possibilidade de um
trabalho articulado em âmbito arquidiocesano. Dom Afonso Niehues era
agora arcebispo metropolitano de Florianópolis e apoiava o trabalho de
conscientização política, seguindo as diretrizes da CNBB, única voz que
de público podia criticar a ditadura militar e as violações dos direitos
humanos. Mas, não restava muito espaço de liberdade por que o total
controle dos Meios de Comunicação induzia a população a acreditar no
“milagre brasileiro”.
A convite de Dom Afonso, de 1971 a 1980
Pe. Edgard morou na residência episcopal. Devido a seu bom humor,
brincávamos dizendo que o trabalho principal do padre era alegrar o
Senhor Arcebispo… Dom Afonso estava convencido que Pe. Edgard deveria
ser deixado livre. Na verdade, foi um longo período de animação
pastoral: professor e assessor de religião no Colégio Coração de Jesus,
assistente religioso no Escotismo e, de modo especial, integrante do
Secretariado Arquidiocesano de Pastoral na assessoria aos movimentos de
juventude.
Foi o tempo áureo dos movimentos jovens
no meio urbano, coordenados pela ARMOJ-Assessoria religiosa dos
Movimentos de Juventude. Padre Edgard desdobrou-se na animação juvenil, era orientador espiritual do TLC (Treinamento de Lideranças Cristãs) que junto com o Encontrismo, nas décadas de 70 e 80, formava a juventude em retiros
de fins de semana e depois os organizava em grupos paroquiais. Nessa
década os Movimentos jovens se multiplicaram em movimentos filiais que
aplicavam metodologia similar à dos Cursilhos de Cristandade, outro
sucesso da pastoral ambiental no mesmo período. Dos anos de 1980 a 1982,
residindo no Convívio Emaús, na Trindade, Pe. Edgard buscou organizar a
Pastoral Universitária. Foi um período difícil, marcado pela incipiente
redemocratização: a voz religiosa era substituída pela voz da
conscientização política, de esquerda.
Ao perceber o crescimento de Itajaí, Dom
Afonso Niehues pediu que Pe. Edgard fosse residir na paróquia São João,
no bairro homônimo, com a missão de preparar a criação da paróquia de
São Vicente de Paulo. Feliz com a missão, entre 1982 e 1987 dedicou-se a
esse trabalho mas, não o concluiu: retirou-se em 1987 para tratamento
de saúde, em São João Batista. Restabelecido, foi mais uma vez
provisionado como coadjutor na paróquia de Nossa Senhora de Fátima no
Estreito, ali permanecendo de 1988 a 1990. A paróquia de São Vicente foi
criada em 13 de janeiro de 1990.
A silenciosa visita da Cruz
Durante 13 anos (1990-2003), Pe. Edgard
carregou dolorosa cruz, motivada por injusta acusação que foi nos
ouvidos do Arcebispo Dom Eusébio O. Scheid a respeito de seu trabalho
com os escoteiros. Sentiu-se ferido por dois motivos: não conseguir amar
o arcebispo e ver sob suspeição sua consagração às crianças e jovens
escoteiros. Foi acolhido e amparado fraternalmente pelo pároco de São
José, Pe. Neri José Hoffmann, que lhe ofereceu a residência, a
manutenção e a liberdade para continuar a missão junto aos escoteiros. O
sofrimento marcou-o profundamente, e não foi mais o padre efusivo,
barulhento e cheio de vida.
Com a liberdade que Pe. Neri lhe
concedeu, durante o período aceitou a Capelania do Carmelo Cristo
Redentor em Picadas do Sul, também em São José. Em 2004, viveu intenso
trabalho junto aos Grupos de Terapia em Florianópolis e São José, foi
Assistente Espiritual de Equipes de Nossa Senhora, Assessor religioso da
União dos Escoteiros Brasileiros/UBE. A partir de 2005 foi residir em
São João Batista e ali ajudou na paróquia, na Comunidade Terapêutica
Fazenda Espírito Santo e semanalmente celebrando no Carmelo Cristo
Redentor.
Foram 10 anos de renovada dedicação sacerdotal, anos silenciosos e fecundos no convívio com seus familiares.
Quem era o Pe. José Edgard de Oliveira?
Claro, é tudo o que foi descrito acima,
um padre dedicado, trabalhador, verdadeiro, feliz, de palavra,
desprovido de qualquer preconceito. Um homem de Igreja, de fé cristã,
misericordioso, amante da pessoa humana. Um comunicador pelo exemplo,
pela palavra, pelos gestos e mímica. Dotado de bela voz rouca, cantava
muito bem e tocava violão.
Era muito organizado e preparava os encontros ou simples reuniões cuidando de cada detalhe. Elaborava relatórios minuciosos.
Mas, seu pecado era a pontualidade: não
admitia a exigência de horário nem para o início nem para o fim. Quando
estava em São Vicente, convidou os padres das paróquias vizinhas para
ajudá-lo nas confissões. A igreja estava lotada, os padres à disposição.
A preparação que fez com os penitentes foi quase até as 22h., de modo
que na hora da confissão havia pouca gente. Era seu jeito, e julgou que
os verdadeiros penitentes ficaram firmes.
Tinha o dom da oratória, da fala clara,
da comunicação com imagens e expressões que levavam à alegria e às
lágrimas. Suas homilias, beleza, piedade e intuição. Lembro de uma
palestra que dirigiu aos enfermeiros do Hospital de Caridade. Motivou-a
com o algodão: “um algodão limpinho, que saiu da farmácia, não vale
nada. Mas, um algodão cheio de pus, restos de ferida, sangue, esse sim
mostrou para que serve, ele purificou o corpo de um sofredor. E veio a
lição: quando tocamos um corpo ferido, coberto de chagas, sujo, com
veste esfarrapada e o tocamos com carinho, fazemos uma carícia, então
sim, vivemos o amor, carregando em nós o sofrimento dele”. Essa imagem
marcou sua pastoral da sarjeta, do carinho com a pessoa sofrida, doente,
prostituída. Nele, Pe. Edgard nele abraçava
o Servo de Javé.
Ficou na história a Semana Santa que
conduziu na capela de Governador Celso Ramos. Na procissão de ramos
notou que os homens estavam tímidos, não aclamando o Senhor com os
ramos. Pe. Edgard – não sei se usava de ambiguidade – pedia aos homens:
“Homens, força, cada um levante e balance seus galhos!”. E, na Missa da
Ceia do Senhor, com a igreja cheia de crianças, foi explicar o jeito de
cada apóstolo. As crianças estavam à sua frente e hipnotizadas na mímica
empregada para cada apóstolo. Quando foi imitar Judas Iscariotes a
expressão e os gritos foram tão fortes que a gurizada apavorada fugiu da
igreja. Esse era o Pe. Edgard.
Sua vida oferece muito material para fioretti, e mais ainda as histórias que ele narrava do Pe. Januário Testa e de Monsenhor José Locks.
Pe. José Edgard de Oliveira deixou saudades, muitos amigos com saudade de sua misericórdia e amizade.
Preparou e viveu o Jubileu de Ouro
Sacerdotal. Como de seu costume, tudo foi vivido intensamente, com quase
um ano de organização. Era um menino feliz preparando a sua festa.
O lema escolhido retrata um coração
pacificado e grato: “Com amor eterno Eu te amei, por isso compadecido de
ti, Eu te atraí a Mim”. (Is 14, 7-8).
Muitos amigos o procuraram e participaram da Celebração em 7 de dezembro de 2008 em São João Batista e no Estreito.
Por seus méritos literários, em 13 de
março de 2015 foi empossado na Academia Batistense de Letras, em
solenidade na Câmara Municipal de São João Batista.
Em 2016, a Irmã Dor visitou-o,
consequência de um câncer na próstata. Passou por internação nos
Hospitais de Azambuja, de Camboriú e Florianópolis. No dia 29 de maio,
Pe. Vilson Groh ministrou-lhe a Unção dos Enfermos, vivenciada com
alegria e fé. Antes da sedação pediu que o padre dissesse aos colegas:
“Diga aos padres que sempre amei-os muito, amei-os muito, sem nenhuma
reserva”. Foram suas últimas palavras. Deus o recolheu à sua Casa na
tarde de 31 de maio de 2016. Seus colegas no ministério e o povo a quem
serviu, dele se despediram nas Exéquias celebradas na matriz de São João
Batista. Sua vida se encerrou com a Visitação de Maria e ressuscitou no
mês do Sagrado Coração de Jesus, 1º de junho.
Por: Pe. José Artulino Besen
Fonte:
http://arquifln.org.br/noticias/leia-o-artigo-do-pe-jose-besen-sobre-o-pe-jose-edgard-de-oliveira/
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